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Sei que apesar de nao me veres, sentes-me, percebo isso quando
sorris levemente olhando o infinito, e eu ali mesmo a tua frente,
como um sopro de vento, afagando-te a face. Prefiro ser assim,
incorporeo, volatil como o tempo, vazio, porque assim sempre podes
preencher-me a cada dia, com a tua essencia. Gosto de ser ar, para
me poderes respirar e infiltrar-me na parte de dentro do teu corpo,
onde me transformo e sou energia vital, onde vou na senda da tua
alma imortal. Na noite, quando tudo e escuro e os teus olhos se
fecham, leio-te os pensamentos, nao aqueles que sao comuns ao
quotidiano, mas os que proveem do fundo desse oceano que te abraca,
desse universo onde pulsas na mesma frequencia que a minha alma.
Fico horas a ver-te dormir, induzindo-te os sonhos, recriando em ti
lugares encantados e flores que planto no jardim secreto do teu
ser, como se tatuasse as cegas sobre a pele imaculada desse corpo
que nao me pertence.
Que seria da vida se o seu objectivo fosse a morte? Valeria a pena
o sofrimento, e a dor? Mas a vida e mais que tudo uma caminhada,
uma licao demorada que nos permite evoluir e superar, a cada
oportunidade um desafio, a cada desaire uma vontade para se
levantar e ser outra vez vivo. O amor e o elo que nos liga de uma
vida a outra, uma ponte que se estende para la da neblina, e a
morte e apenas a nossa capacidade de enfrentar essa cortina que
separa os mundos. Saltemos ao abismo com a certeza que do outro
lado ha muito mais a ser vivido.
Somos frutos da mesma arvore, em nos tudo e tao proximo que
provavelmente ate as folhas sao parte de nos mesmos. A unica
diferenciacao que podemos encontrar e o hemisferio emocional que
construimos dentro da alma, ainda assim encontramos similitudes em
todas as nossas atitudes. Estes dois mundos sao quase tao proximos
como a sua tangente, gravitam-se e preenchem-se como as pecas dum
puzzle que se encaixam, justas, abracadas como corpos em delirio.
Da interaccao entre personagens nasceu a criacao do momento, dias a
fio, simulados num palco ensaiado onde cada um sabe de cor as suas
falas porque sao os seus proprios sentires que se revelam numa
ficcao ilusoria. Quimera, utopia o simples magia das palavras, nao
deixa de ser filosofia, nao deixa de ser magia, quando tudo parece
culminar num acto de existencia poetica, que chega a arder nos
dedos e desencadeia na realidade movimentos teluricos nos corpos
dos actores. Esta peca nao e de teatro, nao e representacao, e mera
ficcao encarnada pelos que a vestem, homem e deusa, seres de outras
dimensoes retratados numa historia de ilusoes.
Esta pequena historia e o reflexo da mundanidade em que vivemos,
mas estes tempos nao sao singulares, pois outras narrativas
classicas referem traicoes e congeminacoes entre os deuses e entre
os humanos. O texto e um desabafo do que e traido em direccao a sua
"deusa" que o atraiu e traiu. As personagens fazem parte do
imaginario daquele que conta a historia e vestem na perfeicao
outros protagonistas ja narrados em "Metamorfoses" de Ovidio, onde
o narrador conta a traicao de Afrodite a seu marido Hefesto.
Fruto da fantasia, semente da criacao, flor da ilusao, e isto uma
quimera? Pedacos duma memoria perdida nos meandros do silencio,
terapia de equilibrio dos polos inconstantes do corpo e do
espirito, e assim que nasce a prosa, numa toada poetica que nao tem
nexo nem historia, apenas palavras soltas neste universo utopico
onde nada e o que parece e tudo parece o que nao pode ser. Trechos
de imaginacao, relatos do empirico num estado de catarse em que o
proprio autor nao tem consciencia real da palavra, e isto uma
alucinacao? Seja historia ou ficcao, desejo ou saudade e assim que
nasce esta quimera, feita de letras e tempos de espera.
O que por vezes escondemos de nos proprios e o reflexo daquele que
nao queremos ver no espelho. E preciso perceber-nos e aceitar-nos
ou nao seremos capazes de prosseguir. Este relato e uma
introspeccao a um certo narcisismo que nos habita. E uma viagem ao
ego que nao nos deve assoberbar, mas apenas manter confiantes que
somos capazes. Olhar o nosso reflexo na agua nao deve apenas servir
para nos admirarmos, mas sobretudo para conversarmos connosco
mesmos.
A pintura e a ficcao da arte, ela mimetiza a realidade quer pelo
seu realismo, quer pela fantasia da metafora visual(surrealismo).
Juntar ambas e como conferir a realidade um mundo tridimensional
alternativo, um novo universo. Uni-las, escrita e pintura, e ter a
capacidade de dar as palavras um rosto, ao rosto uma historia e
aproximar da realidade a ilusao. Afinal a escrita, a pintura, sao
reflexos da vida e a vida e tambem ela o espelhar da nossa propria
ilusao.
N?o existem regras, n?o h? m?trica, n?o se atem ? rima, porque
sentir ? desmesuradamente natural. Escrever deve ser um acto
sentido, como tal, naturalmente desprovido de qualquer regra, ?
assim a prosa, descri o e met?fora, sentido e emo o feito palavra.
Hoje percebo que o tempo nos tr's a lembran?a, que esta ? desejo de
ter desfrutado de mais momentos. Hoje entendo que o tempo nos leva
esperan?as, que ficam as saudades e nada mais se alcan?a como
outrora. Hoje percebo que j? fui, que j? tive, que j? soube, que
n?o sou mais o mesmo e que o tempo matura, mas leva-nos para longe
de tudo e de todos. S? hoje percebo
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